Quando umas páginas nos comovem, a primeira pessoa a quem falaremos sobre elas será um ente querido. Ao oferecer um romance ou um livro de poemas a alguém com quem nos preocupamos, sabemos que a sua opinião sobre o texto se refletirá em nós. Se um amigo, uma amada ou um amante coloca um livro nas nossas mãos, rastreamos os seus gostos e as suas ideias no texto, sentimo-nos intrigados ou visados pelas linhas sublinhadas, iniciamos uma conversa pessoal com as palavras escritas abrimo-nos com maior intensidade ao seu mistério. Procuramos no seu oceano de letras uma mensagem numa garrafa para nós.

Irene Vallejo, in O Infinito num Junco, trad. Rita Custódio e Àlex Tarradellas