O mundo interior, reino absoluto da poesia, tem a característica de ser inexprimível. É como o ar, que atravessa correntes e tensões, que determina mudanças de temperatura e tempestades, mas cujo traço fundamental continua a ser a absoluta transparência. O que pode fazer então o mundo interior se, a despeito da sua inefabilidade, aspira a exprimir-se? Usa um estratagema. Finge interessar-se, e interessar-se muito, pela realidade externa.

Adam Zagajewski