Se a mulher foi, muitas vezes, comparada à água, é entre outros motivos porque é o espelho em que o Narciso se contempla; debruça-se sobre ela de boa ou de má fé. Mas o que, em todo caso, ele lhe pede é que seja fora dele tudo o que não pode apreender em si, pois a interioridade do existente não passa de nada e, para se atingir, precisa projectar-se num objecto. A mulher é para ele a suprema recompensa porque é sob uma forma exterior que pode possuir, na sua carne, a sua própria apoteose.
Simone de Beauvoir