Quem dera houvesse um comboio a marinar a escada, e um gato azul a dar fresco à água; quiçá com
nome de elefante, a dispensar apelido além do nome: Kai, ilustre Kai; que bem poderá vir de
Khayyam, que tal como ele não louvou qualquer líquido que se lhe apresentasse.
Quem dera houvesse em casa (a entrar pela janela e a fintar o pó) um lastro dos mais loucos
surrealistas, incluídos aqueles que nunca se preocuparam nem foram facilmente suportáveis. A bem
dizer, quase todos, salvaguardado até ao limite o perdão do génio e o tempero da alegria em várias
muitas decepções.
Um chato a sério é sempre um real chato, e há aqueles que queremos para sempre grudados ao
peito.
Posto isto, se decreta, com alvíssaras e tudo:
Quem dera alguém traga um ar bom à Península Ibérica
(entre outros oceanos),
quem dera as galinhas cresçam saudáveis
e os leopardos não desçam à Europa com maus instintos.

Quem dera os impostos não distraiam do valor cívico,
quem dera o branco e o preto sejam a mistura rainha de todas as cores.

Quem dera a Inácia desse um valente chuto no Jaime
(estória para outros capítulos),
quem dera uma paz muito muito irrequieta.

Quem dera que, de tudo o que acontece, fosse possível reter o que no fundo apetece. Da palavra
berlinde à primeira menstruação que correu bem, incluído o momento em que ajudei a Dona
Januária a subir a escada com as compras, lembro que foi numa terça-feira.

Rui A.