Horas lisas de luz baça, imperturbável. Passaram os ruídos do costume: as latas na carrinha do trolha, o camião do lixo, o padeiro.
Mal abanaram o ar calado, salto de rã na água quieta.
O sol demora e o dia já não vai pequeno. Esta coisa luz cinzenta morna cola-se dentro da gente.
É preciso escolher os gestos, que as palavras também podem ser mudas. Para que a tarde não doa, não se apague riso, os olhos, as mãos e os passeios no regresso dos rebanhos prenhe de manhãs.

Zeferino Silva