Tu sabes que não nos é permitido usar o teu nome.
E nós sabemos que és inexprimível,
anémica, muito frágil e suspeita
de misteriosas faltas na infância.
Sabemos que não te é permitido morar agora
nem na música, nem nas árvores do crepúsculo.
Sabemos - ou melhor, assim nos foi dito -
que não existes em lado nenhum.
E no entanto continuamos a ouvir a tua voz fatigada
- no eco, na queixa, nas cartas que nos
escreve do deserto grego Antígona.
Adam Zagajewski, trad. Mário Bueno
Alma
Publicado em 23 de Fevereiro de 2022