Sulca-te, o tempo, os olhos
e aprendes a rescrever o horizonte.
Ferido e porém ávido de ser,
como um poente de sangue e de turquesa,
como um presságio que ameaça cumprir-se,
precipitas-te contra o ar,
percorres o rosto de noite.
Navegas as ondas da luz,
respira, o mar inquieto,
como se desatasse a viver;
a sua pele acolhe-te como um retorno.
Atravessas com a nave antigas paisagens
que se tornam tuas também,
e esculpem-te.
Move-te, o coração, à viagem e à aventura,
cresce em ti o gesto de outros olhares.
Levas a bagagem de uma vida imaginária,
de sonhos fatigados,
que restauras sigilosamente.
Encarnas o desejo.
Não desistes.