Dão a sensação de que ouvem
Os meus pensamentos, ó árvores,
Curvadas sobre a estrada que percorro
Numa tarde do fim do Verão
Em que cada uma é uma escadaria íngreme
Que a noite vai descendo devagar.
As folhas altas como os lábios da minha mãe
Sempre a tremer, incapazes de uma decisão,
Pois corre um vento ligeiro,
E é como ouvir vozes,
Ou uma boca cheia de um riso abafado,
Uma bocarra escura na qual cabemos todos
Com uma mão a tapá-la de repente.
Sossego completo. A luz
De uma outra tarde deambula mais à frente,
Longínqua noite de vestidos de seda,
Pés descalços, cabelo solto e caído.
Coração feliz, como são pesados os teus passos
Quando vais atrás deles por entre as sombras.
O céu ao fundo da estrada limpo e azul.
As aves nocturnas como crianças
Que nunca mais vêm jantar.
Crianças perdidas na mata que escurece.