Sim, é verdade que se segue em frente quase sempre, independentemente do que se tenha feito ou do que tenha acontecido sem a nossa intervenção. Nunca nada pára totalmente quando são longas as existências, e se prolongam a cada dia somado por mera inércia até parecer a eternidade. Sentimos muitas vezes a tentação de dizer: "Tudo se gastou, nada se obteve. Deveria ter percebido antes de iniciar o dispêndio." E, não, não há nada que alguma vez se gaste por inteiro.
Javier Marías, trad. Vasco Gato