Assim como o meu pai chamava bárbaros a todos os que viviam fora da nossa casa, os gregos chamavam bárbaros aos que não eram gregos. Os romanos, a quem não era grego ou romano. Os persas, dizia Heródoto, criam ser o povo mais espectacular do mundo e que quanto mais longe se vivia da Pérsia mais horrível era a raça. O mesmo Heródoto dizia que os egípcios chamavam bárbaros a quem não falava egípcio. Para o meu pai, qualquer pessoa que não fosse da nossa família era bárbaro, e, mesmo falando a nossa língua, grunhia em estrangeiro, esse fenómeno fonético especialmente animalesco.
Afonso Cruz