Coabito com um animal obscuro.
O que faço de dia, ele come-o à noite.
O que faço de noite, ele come-o de dia.
Só não me come a memória. Insiste em
sondar até o mais ínfimo dos meus erros e medos.
Não o deixo dormir.
Sou o seu animal obscuro.
 
Juan Gelman