Chegar à janela e olhar o céu. Ver só o que cabe no rectângulo dela, limitado e instantâneo. E ficar perturbado por essa rápida aparição da beleza que se não sabe dizer. Há um azul intenso e profundo e a um dos lados o amontoado de uma nuvem branca, iluminada de sol. Como transmitir esta revelação? Quantas formas de a dizer e todas serem uma ficção do que lá está. Há uma outra coisa dessa coisa e tudo são formas fictícias de a dizer. É um céu azul e uma nuvem branca a um canto da janela. Mas o que isso foi no seu aparecer, para sempre se perdeu.

Vergílio Ferreira