Janela entre céu e terra em lugar desconhecido. Aberta sobre um penhasco incolor. O cume escapa à vista onde quer que se fixe. Assim como o sopé. Recortado por duas fatias de céu eternamente branco. Alguma sugestão no céu sobre o fim da terra? O éter além? Nenhum vestígio de aves marinhas. Ou demasiado pálido para se ver. Enfim, que prova de um rosto? Nenhuma que a vista vislumbre onde quer que se fixe. Desiste e o pandemónio começa. Emerge por fim primeiro a sombra do rebordo. A paciência será animada com restos mortais. Um crânio inteiro surge no fim. Um único entre aqueles cujos restos evidenciam. Tenta ainda afundar o osso frontal na rocha. O velho olhar como que mostrando-se no interior das órbitas. Por vezes o penhasco desaparece. Então o olho esvoaça de uma margem branca à outra margem. Ou por consequência afasta-se de tudo.
 
Samuel Beckett