Estrela brilhante, fosse eu constante como tu,
Não no teu brilho solitário, sustido na noite,
Observando, de pálpebras eternamente abertas,
Como um vigilante Eremita da natureza,
As águas agitando-se em seu sagrado esforço,
Purificando as margens humanas da terra,
Nem olhar a máscara recente da neve
Caída com doçura sobre os montes e as charnecas –
Não assim – e no entanto constante e imutável como tu,
Caído sobre o peito maduro da mulher que eu amo,
Sentindo sempre o seu terno movimento,
Desperto numa doce inquietação eterna,
Escutando no silêncio o seu terno respirar,
E viver assim sempre – ou lançar-me agora na morte.

John Keats, trad. Bruno M. Silva