A cada instante, a par daquilo que as pessoas consideram ser natural que se faça e se diga, a par do que se julga certo pensar, quer seja através dos livros, dos cartazes no metro ou de histórias engraçadas, existem também todas as coisas sobre as quais a sociedade passa em silêncio sem ter consciência disso, votando a um mal estar solitário todas e todos aqueles que se apercebem dessas coisas sem as poderem nomear. Silêncio que um dia se quebra, de repente ou a pouco e pouco, e então as palavras emergem sobre as coisas, mostrando-se, enquanto por baixo outros silêncios começam a tomar forma.

Annie Ernaux