Adicione a trezentos gramas de imagens poéticas
dois decilitros de lirismo puro
e bata até obter uma pasta homogénea.

Àparte misture em partes iguais
estilo pessoal, vivência, ironia e moral de uso caseiro,
aromatize com essências de cultura greco-latina
e ponha passas de amargura
amêndoas de fatalismo
cerejas de filosofia e pinhões de retórica
tudo seco e picado miúdo.

Ligue bem as duas misturas de modo
A que os sabores fiquem identificáveis
E sejam fáceis a qualquer digestão.

Leve a cozinhar em editor brando,
sirva morno em primeira edição.

Deve acompanhar-se este manjar
com um clarete seco de promoção pessoal à temperatura ambiente
ou com um licor de oportunidade política muito gelado.

Manuel Mengo