Esqueci-me
Esqueci-me dos lábios que beijei, e onde, e porquê,
Esqueci-me, e que braços pousaram sob
A minha cabeça até de manhã; mas a chuva
Contra o vidro à espera de uma resposta,
E no meu coração agita-se uma dor muda
Pelos homens esquecidos que não voltarão
A lamentar-se à meia noite com um gemido.
Eu sou como a árvore que no inverno se sustenta,
E não sabe que pássaros a abandonaram um a um,
Mas sabe que os seus ramos estão mais silenciosos agora:
Não sei que amores vieram e se foram,
Apenas sei que o verão cantou em mim
um pouco, e que agora não canta mais.
Edna St. Vincent Millay, trad. Bruno M. Silva
Publicado em 23 de Julho de 2023