Onde corriam outrora as águas da tua face
para as minhas hélices, chega o sopro árido do espírito
e os mortos entreabrem os seus olhos;
onde outrora os tritões através do teu gelo
erguiam os cabelos, o árido vento navega
através do sal, ovos de peixes e raízes.
Onde outrora os teus verdes nós mergulharam
as extremidades na corda trazida pelas marés,
eis que aparece o verde ceifeiro
com as suas tesouras oleadas e uma lâmina suspensa
para cortar os braços do mar na sua origem
e deixar cair os húmidos frutos.
O rumor das tuas marés invisíveis
rompe sobre as camas nupciais das algas;
perderam as algas do amor a sua frescura,
e, à volta das tuas pedras, ali caminham
as sombras de crianças que a partir da sua ausência
choram para um mar de delfins.
Áridas como um túmulo, as tuas coloridas pálpebras
não poderão fechar-se enquanto desliza a magia
com solenidade sobre os céus e a terra;
à volta do teu leito haverá corais
e ao longo das tuas marés nascerão serpentes,
até que morra a nossa crença do mar.

Dylan Thomas