Precisamos de mudar a forma como passámos a considerar o significado do sucesso. Precisamos de nos afastar, moral e espiritualmente, da arrogância dos bem-sucedidos, que acreditam que o seu sucesso é obra sua; de um maior sentido de humildade; de um maior apreço pelo papel da sorte na vida; de um maior sentido da nossa dívida àqueles que tornam o nosso sucesso possível, incluindo pais e professores e treinadores e comunidades, os países e os tempos em que vivemos.
O apreço pelo papel da sorte na vida pode suscitar uma certa humildade. A meritocracia individualista, impulsionada pelo mercado, que predomina hoje torna muito difícil vermo-nos a nós próprios como partilhando um destino comum, como sendo responsáveis pelas instituições públicas e pelas responsabilidades públicas. Um maior sentido de humildade pode contribuir para práticas de solidariedade, um maior sentido de obrigação entre os ricos e os bem-sucedidos para com os menos afortunados.

Michael J. Sandel