o deserto é minha casa
com os olhos
consumo o labirinto
tenho ventos e
areias arrumadas
em demasia
tenho luas em mim
um céu negro
sem poesia
negro
e sem poesia.
passa o pássaro
―que seja uma andorinha
invoco
o seu alvoroço libertino
a fluidez do seu canto
a humidade morosa
no seu bico
o pássaro incessante
desmanchando o meu deserto
em fuga errante
no seu rumo
todas as margens
todos
os murmúrios
do mar.