O quarto era pobre e sórdido,
escondido por cima da taberna suspeita.
Da janela via-se a travessa,
suja e apertada. De baixo
vinham as vozes de alguns operários
que jogavam às cartas e faziam uma farra.
E aí na cama modesta, para o povo
tive o corpo do amor, tive os deleitáveis
lábios corados da embriaguez -
corados de uma embriaguez tal, que mesmo agora
que escrevo, depois de tantos anos!,
na minha casa sozinha, de novo me embriago.

Konstandinos Kavafis, trad. Joaquim Manuel Magalhães e Nikos Pratsinis