O Ignorante diz que o vento lavra
e a única ficção é uma alcateia de sombras
ao sossego da lua nos quintais.
O que se adivinha é o tumultuoso pudor dos violinos
e os sóbrios caminhos da minuciosa pobreza.
No meio de tantas mãos como descobrir a boca
ou o burado do perfume entre as colinas?
Os corpos estão ligados às serpentes das paisagens
e alimentam~se de pedras e satélites.
No peito dos amantes cintilam pedras negras
e os peixes silvestres anunciam os metais.
A madeira lateja como um girassol de mercúrio.
Uma gárgula golfa o sangue pelos flancos da terra.

António Ramos Rosa