De manhã os rios atravessam a cidade;
à noite os corpos regressam nus
a tempo de ver a luz da meia noite.
Perguntam: ainda há mãos
que transportem lanternas?
 
O mundo trauteia canções de marinheiros,
assistimos ao milagre da reprodução dos naufrágios.
 
O desânimo atravessa as ruas
entregue pelo carteiro
 
E eu respondo: ninguém ama
sem morrer
 
O entulho que suja
é o que faz o poema

Fábio Neves Marcelino