Não passam, Poeta, os anos sobre ti,
embora sejas mais mortal que os mais:
no tempo, viverás longe daqui,
no espaço, apenas deixarás sinais.
E quando, pelos campos silenciosos,
lá te encontrarás nas ondas dos trigais,
repara como fogem receosos,
para o poente, os ventos luminosos
— antes que os homens nasçam teus iguais.

Jorge de Sena