Daquelas árvores estavam a cair
hoje as palavras fugazes
e é assim figurado como frutos
que eu acolho o passado.
Não posso mergulhar
a minha deambulação de acaso
no vazio das imagens!
Serão as folhas ocres as bocas
que falaram ainda vivas.
Ainda está vivo o minuto que
impede que morra sem raízes
cada minuto de hoje.
Não significa agora mais o fim
do inverno do que o outro verão
descoberto no esquecimento.
Fora de cada um de nós
o oculto vivido é uma imagem
errante do nosso tempo.
Na passagem dos invernos
agitados por estas cores ruivas
dissemos algo. Aqui há vozes
fantásticas que são de ambos.
As folhas caem duplamente
na sua queda de antes
e na cascata harmónica.
Estas são árvores que falam
da sua memória própria.

Fiama Hasse Pais Brandão