Onde existo que não existo em mim?
Corro em volta de mim sem me encontrar…
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto
Para mim é sempre ontem
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia
Sou estrela ébria que perdeu os céus
Morro à míngua, de excesso
Heráldico de mim,
Transponho liturgias…
Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro.
Mário de Sá-Carneiro