encarquilhado tropeça de conjuntura em conjuntura
o bode expiatório outrora encantador
pode troçar dele se quiser
ele sorri mas não se afeta
não queimado mas feito em cinzas um desmaio
passageiro irá se erguer novamente
e tolo ajeitar as calças e a casaca
logo estará alto e forte entre os pilares
o mármore do seu queixo fustigado pelas sombras
o relho brincando com a bota
o olhar que tudo penetra fixo na lua ameaçadora
lentamente ele desaba e o povo aplaude
despropositadamente agigantado ele desaba
e se põe ao lado do covarde do ponto de descarga
não inabalado de liberdade como um pano de chão
Lucebert