Não sossegue eu mais, que um bonifrate,
De urina sobre mim se vase um pote,
As galas, que eu vestir, sejam picote,
Com sede me dêem água em açafate.
Se jogar o xadrez, me dêem um mate
E jogando às trezentas um capote,
Faltem-me consoantes para um mote,
E sem o ser me tenham por orate.
Os licores que beba, sejam mornos,
Os manjares, que coma, sejam frios,
Não passeie mais rua, que a dos fornos.
E para minhas chagas faltem fios,
Na cabeça por plumas traga cornos,
Se meus olhos por ti mais forem rios.

D. Tomás de Noronha