O amor é uma necessidade humana que nunca desaparece. Mas há pessoas que a reprimem conscientemente; há outras em que essa necessidade está já reprimida há muito, e as pessoas ficam descrentes e orientam-se para outras coisas. O que acontece às vezes é determinada pessoa tocar-nos e nós ficamos mais esperançados, mais felizes. Isso é transformador. Mas pode haver um problema: quando uma pessoa já sofreu muito [por amor], não acredita e chega ao ponto — mais uma vez nas pessoas com perturbação borderline — de não acreditar que pode ser amada. Precisam desesperadamente disso, mas não acreditam; se há alguém que se aproxima, a pessoa afasta, estraga, boicota. Não é porque aquilo não seja bom — a pessoa intui que sim —, é porque a necessidade é tão grande que a pessoa pensa: e se me deixa cair? Este é o grande drama.

João Carlos Melo