Nada requer uma lâmpada. Luz vazia.
Alguns cães atrás de muros derruídos.
Águas contra dunas vagabundas. Águas desertas.
O monótono marulho na margem do silêncio.
E o vento de pedra com silabas de sal.
Uma terra respira junto às águas,
late na cal viva, nas cigarras.
O poema é um palácio de areia
à beira do vazio.

António Ramos Rosa