Um trapézio
bambo e desunido, com pontas excrescentes,
uma rosa no fundo das costas
com o gosto do húmus, o mofo das caves
é mais acima a dor
ciática, o lóbulo queimado
por magia ou vingança,
E o gosto por cantigas populares,
o cálice venéreo,
a pronúncia da terra, impúdica,
a língua aberta e desfolhando-se, a escaldar.
O corpo é cheio, já se sabe, de nervos e ressaltos
raramente líricos
cheio da lembrança do negrume e da pobreza,
à garganta espinhosa do sexo,
os pés calcados,
o primeiro milho nos currais da humilhação.
Chega-se muito resumidamente a velho.
A criança espera ao domingo o infalível
osso fluorescente, oferecido com o jornal,
o estupendo osso da mandíbula de um dinossauro
de quem virá a ser, desfeita
a impura impressão de beleza,
um digno contemporâneo.
Andreia C. Faria