Se o que perguntas é
“vês fantasmas?”
a resposta é “não”
a resposta é
“faço uso das formas poéticas da fala
daquela que se corresponde com a figura poética da vida,
as aparições, posso situá-las na árvore e nas ribeiras
isto implica que
as minhas artérias devem contar com elas
todos dos meus órgãos devem contar com elas
dar-lhes um lugar”
Se perguntas “vês fantasmas?”
a resposta é “não”
a resposta é “o idioma constrói em mim uma horta para defuntos
todos os meus órgãos lhe cedem o lugar
eles/elas são a memória um coração e a linguagem”
O céu
com todas as suas luminárias geométricas
não é diferente da árvore que te aparece
Estende a mão, agarra o norte
A noite é outra com a terra
Chus Pato, trad. João Paulo Esteves da Silva