Densidade Estou a ler um romance de Paul Auster, O livro das ilusões (traduzido por José Vieira de Lima e editado pela ASA), que tem uma escrita densa, capaz de nos prender toda a atenção para não deixar escapar nem um átomo do que ali se diz. O talento e a originalidade são patentes ao longo de toda a obra; aqui ficam algumas (poucas) linhas ilustrativas: "(...)Continuaria a ser verdade que não havia lua no céu naquela noite? Se eu não me desse ao trabalho de me virar e de olhar para trás, então, sim, continuaria a ser verdade. Se eu nunca vi a lua, então a lua nunca lá esteve. Não estou a sugerir que não me dei a esse trabalho. Mantive os olhos bem abertos, tentei absorver tudo o que estava a acontecer à minha volta, mas sem dúvida que havia também muita coisa que me escapava. Goste-se ou não, eu só posso escrever acerca daquilo que vi e ouvi - não acerca daquilo que não vi nem ouvi. Isto é menos o reconhecimento de um fracasso do que a enunciação de uma metodologia, uma declaração de princípios. Se eu nunca vi a lua, então a lua nunca lá esteve." AmAtA --------