Objectiva extinção (ou da extinção
Objectiva extinção
(ou da extinção como inevitabilidade, rápida ou em fogo lento)
O cão de Pompeia
Eu vi em Pompeia aquele cão romano
Assim o quiseram as Deusas da sorte:
Um molde guardado na massa da morte,
Que o não apodreça nem chuva, nem ano.
Escapara à nuvem da porta, correndo
À noite caída do monte co' o fogo.
Porém, sobre si dando volta, foi logo
Extinguir-se a rosnar e em cinza mordendo.
Mas - chumbo e cinza e nuvem - Senhor,
Vos vejo, até mim pela porta irrompendo,
Do monte dos céus com ar devastador.
Só escapo até à saída. E após,
a cinza do mundo, em Vós vou mordendo.
E guardo este molde para sempre em Vós.
Lucian Blaga (1895-1961)
Tradução de Doina Zugravescu
In Rosa do Mundo, ed. Assírio e Alvim
AmAtA
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Publicado em 29 de Maio de 2003