Sem meio termo Apreciadora dos clássicos, lamento por vezes a minha falta de racionalidade, a adesão sem limites ditada por sentimentos e emoções que me dominam mais do que eu a elas. Os poetas, contudo, bem me ensinam. Dá tudo ao amor; Obedece ao teu coração; Amigos, família, dias, Bens, reputação, Planos, crédito e a Musa,- Nada recuses. É um grande senhor; Dá-lhe carta branca: Segue-o sem remissão, Esperança além da esperança: Cada vez mais alto, Ele mergulha na tarde, De asa intacta, Desígnio oculto; Pois é um deus, Conhece o seu caminho E os caleiros do céu. Nunca se destinou aos fracos, Exige coragem intransingente. Almas que vencem a dúvida, De valor inquebrantável, Ele recompensará - Elas regressarão, Melhores que eram, Em ascensão contínua. Deixa tudo pelo amor; Ouve-me, pois, ouve-me, A mais uma palavra sujeita o teu coração, Mais um impulso de firme empenho. Mantém-te hoje, Amanhã, para sempre, Livre como um árabe, De quem tu amas. (...) Sabe do coração Que quando os semideuses partem, Os deuses chegam. R. W. Emerson (1803-1882), tradução de José Alberto Oliveira, in Rosa do Mundo (Assírio e Alvim). AmAtA --------