António (in memoriam) Se vivesse ainda, faria hoje cinquenta e três anos. Tinha luz própria e cintilante, uma inteligência que deslumbrava quase tanto quanto a beleza do sorriso. Era culto e um pouco desorientado da vida. Andava pelo mundo das línguas que falava como a sua própria com o à vontade de quem sabia partir. Voltava sempre. Agora já não. Quando viajo, quando oiço os seus russos favoritos (Tchaikowsky, Rimsky-Korsakov, Stravinsky), quando leio os poetas que amava (Eliot, Camões, Shakespeare, Eugénio, Machado, Joaquim Manuel Magalhães), quando oiço a 5ª sinfonia de Mahler ou vejo Visconti, é um pouco dele que sobrevive, e será assim enquanto tiver memória. Ana --------