reflexões a propósito da blogosfera (III) Os blogues não são, como pensam e sentem alguns dos intervenientes, um espaço semi-público; são um novo meio inserido no espaço público, mesmo que os conteúdos dos posts sejam de teor intimista (mas muitas das crónicas editadas em suplementos de jornais, ou nas revistas neles publicadas ao fim de semana, por exemplo, não o são menos - veja-se a maioria dos textos de Pedro Rolo Duarte, no DNa, os de Laurinda alves, na Xis, os editoriais de Isabel Stilwell ou os artigos assinados por Júlio Machado Vaz, na revista de domingo do DN, para dar apenas alguns exemplos). A função dos blogues pode ser a de contra poder face a imprecisões ou manipulações da imprensa tradicional? Pode ser uma crítica eficaz das opções editoriais das televisões? É claro que sim, mas por enquanto só tem eficácia precisamente porque a própria imprensa tradicional lhes dá visibilidade, pronunciando-se sobre a blogosfera e "promovendo-a" junto da opinião pública (como fez José Manual Fernandes, no Público). Enquanto a blogosfera funcionou em circuito quase fechado, como um círculo pouco alargado dentro do espaço público, formado por umas poucas dezenas de intervenientes que, em muitos casos se conheciam e tinham um teritório de pertença comum (o jornalismo era uma das típicas ocupações profissionais dos bloguistas originários), essa vocação não era visível, nem porventura desejada; com a entrada de pessoas com outra visibilidade no espaço mediático nacional, a atenção da imprensa deu à blogosfera a possibilidade de passar a ser muito mais"consultada" de fora, não no seu todo, masno que respeita a alguns blogues(sobretudos os mencionados e, com eles, os linkados ). Mas uma coisa é visibilidade (e ainda não é tanta assim), outra coisa é real capacidade de "influência prudencial"; por outras palavras, os blogues poderão vir a ter uma função reguladora dos media tradicionais, se tiverem massa crítica relevante; mas quem regulará esses reguladores? AmAtA --------