Às vezes dão-nos chaves que abrem portas para lá do nosso mundo. Portas que abrem espaços diferentes, povoados por outros sons, leves e marcantes como convém. Quem nos dá essas chaves quase nunca sabe o que está a fazer. Mas faz, porque é esse o seu papel, porque a máquina do mundo não explica nem se explica. In lectulo meo* In lectulo meo per noctes quaesivi quem diligit, quem diligit anima mea: quaesivi illum, et non inveni. Surgam, et cicuibo civitatem per vicos et plateas, quaeram quae diligit anima mea: Quasivi illum et non inveni eum. Invenerunt me vigiles, qui custodiunt civitatem: Num quae diligit anima mea, vidistis quae diligit anima mea paulumum cum pertransissem eos, inveni quem diligit anima mea. Henry Dumont (1610-1684), Motetes em diálogo *trad. livre do francês: No meu leito Procurei no meu leito durante noites o amado da minha alma: procurei e não encontrei. Levantar-me-ei e procurarei pela cidade; procurarei pelas ruas e praças o bem amado da minha alma: procurei e não encontrei. As sentinelas que guardavem a cidade encontraram-me e disse-lhes: Haveis visto aquele que é o amado da minha alma? Pouco depois de passarem, encontrei o amado da minha alma. AmAtA --------