Lux (não, não vou escrever sobre sabonetes em desuso, nem fazer crónica social - not yet!) De repente, enquanto olhava sem ouvir o oráculo da TVI, apercebi-me de que há uma pertubante confusão em muitas mentes (e algumas dotadas de inteligência em doses mais do que abundantes, louvadas justa e publicamente por esses dotes e pela apreensão de conhecimentos que souberam fazer ao longo da vida) entre duas coisas (?!) bem diversas, a saber: entre epifania e apocalipse. E a diferença é avassaladora, como se pode constatar em qualquer dicionário. A epifania não é uma forma de revelação, não integra uma antevisão gloriosa ou mesmo épica da vida que nos aguarda, nem sequer representa uma "ordem de marcha" de alguém para o seu destino; a epifania é uma aparição ou manifestação divina, que permite uma adesão, um pacto, daquele perante o qual se realiza esse acto, sendo, portanto, necessária a superação da incredulidade para a respectiva realização plena. Pelo contrário, o apocalipse é, na sua origem, uma revelação dos segredos divinos, qualquer que seja a matéria a que respeitem, tendo constituído um género literário comum nos primeiros séculos da era cristã. O sentido corrente tornou-se de tal forma restritivo - designando apenas uma parte da revelação, que constituiria a descrição do fim do mundo - que se tornou sinónimo de catástrofe de grandes dimensões. Mas o desvendar do futuro, em qualquer âmbito, é praticar, com maior ou menor êxito, o apocalipse (coisa que quem leia jornais económicos já tinha percebido há longo tempo com meridiana clareza, mas enfim...). AmAtA --------