Os keynesianos e os outros
Os keynesianos e os outros
O post de João Miranda sobre a questão da informação na economia de mercado, rebatendo a posição dos keynesianos com os argumentos de F. Hayek (usando um sistema de links que permite o acesso a textos completos, como"The use of knowledege in society", de 1945), tem muito interesse, como aliás é comum suceder com os conteúdos do liberdade de expressão. Este texto reveste particular actualidade na semana em que o discurso de relançamento económico foi publicamente assumido pelo Governo (veja-se comentário em http://www.direitoeconomia.blogspot.com), por ocasião da apresentação pública de um relatório assumido pelo Ministro Carlos Tavares (27 Maio 2003). Intitulado A reforma económica em Portugal, oescrito é um apanhado daquilo que o Governo propõe no quadro das políticas económicas interdepartamentais (o chamado Programa para a Produtividade e Crescimento da Economia), deixando também um espaço para a consolidação regulatória da defesa da concorrência (naturalmente no quadro dos dispositivos comunitários sobre a matéria).
No seguimento do post citado, a questão que se coloca resume-se nestes termos: será que o discurso do poder político é condição necessária e suficiente para a motivação do podereconómico? Será que a economia de mercado é manipulável, num regime de mercado intervencionado (ou seja, não liberal), pelo discurso do Estado? As políticas económicas enunciadas (reforço das bases da actividade empresarial, dinamização do mercado de trabalho, novas privatizações, só para referir algumas) são, no caso português, um pequeno arranjo doméstico de um desenho mais vasto e complexo, traçado no quadro da união europeia (e, sim, já temos constituição europeia avant la lettre, ao menos desde Maastricht, na forma parcial - temos uma verdadeira constituição económica, com direitos económicos fundamentais no corpus das famosas liberdades de circulação e de investimento, com regulação forte do mercado no âmbito da concorrência e com políticas económicas próprias, tanto no plano das actividades, como nos planos monetário e financeiro).
Será, pois, que a informação disseminada pelo mercado, detida parcelarmente por todos os agentes económicos, pode sofrer uma deriva determinada pela informação divulgada pelo Executivo? Dúvida pertinente.
AmAtA
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Publicado em 1 de Junho de 2003