Preocupação manifesta(da) Gostava de poder
Preocupação manifesta(da)
Gostava de poder analisar aqui, do ponto de vista da ciência política, as questões do Médio Oriente, da dificílima geografia do lugar, das possíveis (?) soluções do problema israelo-palestiniano . Falta-me em indispensáveis conhecimentos científicos o que me sobra em preocupação com a matéria em si, de um mero ponto de vista de cidadania.
A génese do actual estado de coisas pode ser claramente entendível a partir da leitura de um livro muito bem feito, A peace to end all peace, de David Fromkin e editado pela Owl Books em 2001 (embora exista uma outra edição de 1989), conforme pude constatar há alguns meses, quando a alma generosa que de há muito se ocupa do meu espírito, consciente da incipiência das perguntas, mo ofertou com o engagement que sempre o norteia para comigo.
Mas como sair do presente, explicável pelas condições que rodearam a queda do Império Otomano e a criação artificial do Médio Oriente político que conhecemos?
Confesso o meu optimismo recorrente sempre que vejo esforços de negociação; não sendo pró-americana, muito menos compulsiva (sobretudo no que toca às opções republicanas de governo do mundo), pareceu-me que o road map poderia criar as condições para a solução, a prazo, da terrível dilaceração entre palentinianos e israelitas. O resultado de Aqaba daria sentido, se levado ao terreno, as tensões internacionais agravadas pela invasão do Iraque; para além das justificações próprias face ao regime, a verdade é que foi um passo indispensável para redesenhar a região, (petróleo incluído mas não factor dominante, creio), porque naquele puzzle não se podem fazer as coisas por metades (sem que isso apague a dor de ninguém; e bastaria uma morte para a dor marcar a memória dos que a viram levar quem amam).
E é aqui que surge a pena de não poder ver melhor e mais fundo o que se passa nesta parte do mundo: porque é que a violência terrorista da Fatah não é detida por Arafat? Porque é que Abu Mazen parece ter o campo de acção minado por alguém que foi distinguido com o Nobel da Paz? Porque é que alguém de direita, como Sharon, aposta na paz e faz compromissos, para dias depois ver novamente acções terroristas matarem soldados seus (como já sucedeu, de um lado e de outro, a milhares de outras pessoas, civis e militares)?
AmAtA
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Publicado em 10 de Junho de 2003