Pierre de Ronsard O imparável Vasco Graça Moura traduziu alguns poemas de Ronsard, poeta contemporâneo de Camões (1524-1585), publicados pela Bertrand. A edição é bilingue e contem alguns textos interessantes para conhecer o Renascimento francês, bem menos visível do que o italiano ou o português. A nota introdutória de VGM ilustra, mais uma vez, a sólida e vasta cultura literária do tradutor de Ronsard. Quando vos vejo ou trago em pensamento, vibra-me o coração num arrepio, ferve-me o sangue e de um pensar desfio outro pensar, tão doce é o argumento. Nervos, giolhos, em tremor violento, qual cera ao fogo funde me amacio, cai-me a razão e a força inútil frio me deixa e sem ter pulso nem alento. Pareço um morto em vala desfossado, medonho de livor, desfigurado, vendo a morte os sentidos mudar: mas minha brasa entanto me compraz. Um e outro o mesmo mal torna capaz, eu de morrer e vós de me matar. AmAtA --------