reflexões a propósito da blogosfera (IV) Um dos pontos que me parece menos transparente no âmbito das questões relativas à blogosfera prende-se com a questão do cuidado com a protecção da privacidade por parte de cada interveniente. O que me preocupa aqui é a própria demarcação do conceito: a auto-exposição é dimensionada pelo entendimento de cada um e não pode haver (a não em casos extremos, de pura sensibilidade e bom senso) uma medida aferidora generalizada. Para alguns, o uso de um pseudónimo é uma prática essencial, para outros uma mera circunstância transponível a todo o tempo, e uma parte nem sequer utiliza essa possibilidade. Da mesma forma, pode haver registos de natureza intimista, de conteúdo até emotivo, mas que nada "adiantem" sobre o que, da sua vida, o autor quer preservar. Pelo contrário, certos textos de aparência exterior, objectiva (de natureza política, sobre matéria de gosto cultural, ou como apontamentos de viagem, por exemplo) podem ser bem mais reveladores da personalidade de quem os escreve do que referências de índole mais particular. Há, aqui, um grau de amplitude tal que nos deve levar a ser cautelosos ao reflectir nesta matéria, sem , obviamente, deixar de concordar que, quanto maior é a exposição, maioré também o enclausuramento dentro de uma imagem que fornecemos de nós próprios (coerência e consistência oblige). Mas isso é como no resto da vida. AmAtA* Nota: agradeço ao Nelson de Matos a referência amável que faz ao meu pequeníssimo contributo para a reflexão sobre a blogosfera, mencionando o nome com que trabalho no blogue Direito & Economia. *A. Roque --------