Em memória do tempo outro
Em memória do tempo outro
(ou dos fios absolutos)
Os sulcos da memória
O rumor do pulso, a lentidão
do mar
na dobra do lençol,
as inumeráveis vozes do verão em ruína
- a carícia hesita entre os olhos
e a mão.
Eugénio de Andrade, in Os lugares do lume, ed. FEA.
Nota de leitura: o "verão em ruína" pode ser uma primavera qualquer, numa baía profunda, com montes que suspiram fumo vivo, o sol glorioso, o pó e as pedras ainda quentes de tantas sombras que não partem.
Ana Roque
--------
Publicado em 29 de Julho de 2003