Flexibilidade O difícil exercício de crescer para além de si próprio: atrever-se a sair da zona de segurança construída em anos de clausura invisível, em prisão de luxo, sem portas, separada do exterior por simples e ultra eficazes ondas de atracção (a gravitas horizontal, em mais do que um sentido, e sempre mais real do que metafórico). Criar flexibilidade é permitir-se novas atitudes, despir preconceitos, derrubar falsos deuses, apear profetas da nossa desgraça (mas sendo sempre cultores eficientes do seu êxito). Fragilidade Ouvir outras vozes, não de epifânicas entidades, não de directores espirituais apocalípticos, mas de mortais como nós, com um outro olhar, nómadas de outros trilhos que nos mostram diferentes formas de escolher o chão que pisamos. Não temer perder-se de si próprio nessa (a)ventura, não ficar aquém do possível por mero receio da novidade. Saber-se só, irremediavelmente, mas capaz. Não esquecer nunca o que se foi e o que se teve, mas partir para fora do porto de abrigo do costume. Fazer-se ao mar. Fraqueza A dor do vazio. A saudade. O que nunca se atingiu, por mais que se sonhasse. A perda. Evitar a fraqueza através do reconhecimento da fragilidade. Usar a flexibilidade para continuar. E não olhar para trás. NÃO DEMASIADO. Não sem cortinas de água nos olhos. Ana Roque --------