Longe do caos O Abrupto
Longe do caos
O Abrupto colocou hoje um post, NOTAS CHEKOVIANAS 4, particularmente interessante no que toca aos efeitos da passagem inexorável do tempo sobre nós. A propósito de mais uma pintura, esta do norueguês Peder Severin Kroyer, um dos pintores de Skagen que tanto têm emprestado um subtexto ao autor, fica patente o quepor vezes se nos escapa, quando olhamos fotos antigas ou outras formas de representação de quem nos precedeu. O que pensamos deles, daquelas vidas? O que pensarão de nós os "arqueólogos", daqui a umas quantas gerações? Das nossas inquietações, do que nos diverte, exalta, motiva, mortifica; do que nos faz viver com o sentido em que o fazemos. Não sei, com toda a franqueza, como irá ser vista esta nossa contemporaneidade, mas desejo que ao menos nós, os que nadamos agora neste rio, saibamos dar-lhe a plenitude máxima na travessia. É esse, creio, o verdadeiro alcance existencial de procurar atingir, não a incerta imortalidade, mas o mais profundamente contido em nós, sorvendo o âmago da vida até aoesgotamento do campo do possível.
Ana Roque
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Publicado em 19 de Agosto de 2003