Luz rasgada II (...) Sei
Luz rasgada II
(...)
Sei como é voluntária a encenação
da minha queda. Porque a cada grito no abismo corresponde
uma sabedoria no canto. Que entra na voz,
na voz que grita, na voz que canta - é um estranho
jogo de ecos este, escavando fundo na treva, ouro
que irrompe, musical. E é tão inesgotável esse
árduo filão do mistério.
É importante manter os obstáculos no caminho,
e fazer o caminho. Que seria o caminho senão os obstáculos,
senão uma prática de superação?
(...)
Vasco Gato, in Lúcifer, ed. Alexandria, Abril 2003.
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Publicado em 21 de Novembro de 2003