Manual de sobrevivência I Praticar, de modo persistente e convicto, uma espécie de "carpe diem " do possível, fazendo o máximo com o mínimo de condições; tornar-se perito neste ski alpino da alma, e estatelar-se as inerentes vezes, sem arrependimento de viver. Ter, por isso, auctoritas, não enquanto autoridade, mas com autoria recorrente, vibrátil, às vezes exangue, para sobreviver nos escombros temporários da noite. Não se enredar na ironia das dúvidas irreais - tê-las como se tem um animal de estimação; acolher o que importa, o que alimenta; sacudir com brandura e cuidado o que não faz falta, o que sobra; receber o que calha em sorte, não lamentar o que os deuses recusam. Acima de tudo, amar quem se ama e saber ser amado, mesmo de modo estranho, inverosímil, e sem medo do fim inevitável. --------