Silente (de palavras próprias) Este
Silente
(de palavras próprias)
Este amor sigiloso, marginal,
levanta-se desde o inacessível da noite
para se colar aos dedos.
(...)
E o amor circula entre as dúvidas,
fecundando o segredo do sono,
suscitando mortes.
São estes os lugares da tragédia:
a feroz intromissão na paz
alheia, o terror da própria
respiração. O que se levanta
esta noite é também magoado
pelas hélices do tempo.
Porque as feridas são repentinas
contra a leveza do gesto,
ardem.
(...)
Este amor deitado, nu,
silenciosamente
aqui.
Vasco Gato, in Imo, Ed. Quasi, 2003.
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Publicado em 11 de Dezembro de 2003