Átomos atrás dos bits (da
Átomos atrás dos bits
(da blogosfera urbi et orbe)
Passou esta semana mais um mês da existência do modus. Criado em Maio para a escrita de um fantasma, a AmAtA, eterna caçadora de irrealidades e efabulações inúteis e benignas (entretando felizmente morta por inanição e desintegrada por convicção), cedo deu lugar à realidade: palavras escolhidas, as de outros, ou alinhadas ao sabor dos dias, as próprias - muitas vezes quase repetidas como ondas iguais na sucessão, porque o oceano alma não permitia geração diferente, mas sempre assinadas por quem as respira.
Mas esta nota vai noutro sentido do curso biográfico-autoral, para reconhecer que a blogosfera acabou por representar um microcosmo perfeito, povoado de pessoas reais que, saídas do resguardo da cortina dos seus blogues, se tornaram aquilo que a vida nos dá, porventura em tempos mais longos: afectos, amizades, simpatias, cumplicidades, empatias, decepções (em menor número, mas ainda assim existentes). Por causa dos blogues, conheci (em pessoa, com olhos, sorriso, mãos, voz, tudo) uma boa dúzia de pessoas que, de outro modo, provavelmente não veria nunca, e não teria o seu contributo enriquecedor (sempre, em todos os casos, por belíssimas, boas e menos boas razões) para a minha própria vida. Não os nomeio, por razões óbvias que se prendem com o anonimato de alguns (e com o direito à privacidade de todos), a esses seresque me mudaram algumas peças do puzzle. Mas agradeço a todos (mesmo ao contributo "negativo") e espero que todos eles saibam que estão aqui. Por detrás do modus vivendi.
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Publicado em 17 de Janeiro de 2004